sexta-feira, fevereiro 25, 2011
sexta-feira, fevereiro 04, 2011
Certa vez decidiu que iria caçar mosquitos. Abria bem a boca assim, desse jeito, e quando o bichinho caía na armadilha "nhac"! Um, dois, três... até que, com a barriga cheia, foi beber água do vaso para desembuchar. Ao som de "pull me under" começou a desenhar uns traços confusos na parede pintada de roxo do seu quarto, algo que, confesso, não entendi muito bem, mas acabei por pensar que fosse um diagrama de sua cidade invisível. Savanah Lah Mar? Talvez. Ou quem sabe alguma das cidades de nomes de mulheres de Ítalo Calvino. Aumentou o som, foi para a janela e começou a medir estrelas e cheirar o céu. Isso tudo depois de olhar para a garrafa vazia de vodka, daquelas bem baratinhas, com nome de mulher da Rússia, sabe qual? O que faria em seguida? Beber-me? Fumar-me? Riscar-me de giz? Antes da resposta que o olhar não dizia, apanhei as tintas de suas mãos e pintei uma poesia.
(Escrito em abril de 2006 - depois coloco uma fotinha que agora tô de preguiça rsrsrs)
quarta-feira, janeiro 12, 2011
A insustentável essência de H2O
quarta-feira, março 03, 2010
Another way to live
Hoje acordo e o dia tem aquele cheiro de chuva. Bom pras plantinhas – menos para os cactos, eu acho. O céu começa a clarear. E eu penso que ser sentimental não é uma qualidade muito louvável. Por isso inventaram o Iluminismo e que tais. Ter a razão no centro do universo como um deus a ser adorado! Não é para os simples mortais. Requer um certo amadurecimento de espírito (?) do intelecto. Mas a chuva continua caindo, fininha, enquanto penso essas besteiras teorias. Ouço musica. Faz lembrar de sentimento, mas não ouço sempre. O aparelho de som micro sistem high HD quebrou quando escorregou. Aí me dá vontade de ler alguma coisa. “Como fazer renda em 10 lições”. Sigo refazendo tudo. Mas o que eu queria mesmo era poder estalar os dedos e aparecer em Tambaba-PB Cancun. Pessoa mais sem imaginação! dizem E daí se curto essas praias badaladas e livros de auto-ajuda? Dá para matar o tempo e alguns neurônios também acabam morrendo nessas vagabundagens nesses empreendimentos. Todavia, lo que pasa es que para a vida não há receitas nem cartilha, por isso às vezes é tão difícil. Red rain is coming down, red rain, red rain nada como uma música para ajudar a concluir as idéias e elevar o espírito a razão. E daí que Peter Gabriel seja pop? Até o papa é. E, assim, pensando, usando a razão da ciência que Deus me deu eu possa saber o que ninguém mais sabe, chegar aonde nenhum ser humano jamais esteve. O céu não é o limite e isto é só mais um conto, não uma tese. E subindo, subindo e subindo, um dia, quem sabe, alcançar as estrelas, porque o sol, forte, claro e lindo já está quase aqui na palma da minha mão.
domingo, abril 06, 2008
Prisioneiros de um dilema
“E quando tinham caminhado um pouco juntos, Zaratustra começou a falar assim:
Isso me dilacera o coração. Melhor do que o dizem tuas palavras, diz-me teu olho todo o perigo que corres. (...) Às livres alturas queres ir, de estrelas tem sede tua alma. Mas também teus maus impulsos têm sede de liberdade. (...) Ainda és para mim um prisioneiro, que pensa na liberdade: ai, prudente se torna em tais prisioneiros a alma, mas também ardilosa e má (...)”.
In: Assim falava Zaratustra, Nietzsche
E muitos se perdem pelo meio do caminho. Tão longe se quer ir e caem de cansaço na primeira pedra que vêem pela frente. Depois se acostumam tanto com a idéia que nem se percebem mais; não se perguntam mais onde estão. Não foi fácil para nenhum deles chegar até aqui. Estão se questionando se valeu a pena todo o esforço, já que abriram mão de tanta coisa. Uma vida calma e tranqüila com geladeira de duas portas – com stellas e devassas!, emprego fixo de 8 horas/dia, carros e motos na garagem, Tv com 98 canais você é quem decide a programação, churrasqueira elétrica George Foreman Grill™ Familia, casinha com cerquinha branca e jardim, cachorros na varanda e criança chorando na piscina. Alguns pensaram em voltar. E voltaram. Alguns dos que ficaram estão sofrendo a angústia de não saberem o que há no fim da caminhada. Houve aqueles, ainda, que sequer se levantaram do sofá e não lamentam nada. Mas ainda há muitas dúvidas pela cidade: tanto no ponto de partida quanto no ponto chegada... E aqueles que alcançaram o lugar de destino se perguntam: que fazemos, então? Ninguém se pronunciou até agora...
sábado, março 15, 2008
Insensatez (2 em 1)
- Fale um pouco mais alto que eu não estou te ouvindo. Você se afogou em um lago. – Tente falar mais pausadamente, não se apresse. Em um lugar onde costumava se esconder quando sentia medo e sentia que estava só. - Talvez se você fizesse um desenho. Não agüentou tanta pressão que o assombrava. - Escrevesse uma poesia. E fazia dar aquele nó na garganta. - Se esforce mais! E a cabeça se tornando cada vez mais pesada. - Você consegue! Foi muito doloroso sentir seu fôlego indo embora? - Tente parar, respirar fundo. Recomece do começo de novo. Como foi sentir que sua respiração não te respondia? - Não se deixe acometer-se pela fraqueza! Aquele aperto no peito te fez só pensar em deitar e encolher-se todo como se estivesse de volta ao útero? - Não diga que não há mais nada a ser feito... Você conseguiria descrever, em poucas palavras, aquele sentimento de sua lucidez te abandonando? - Levante, vamos, fique de pé e saia dessa, de cabeça erguida. Diante do desespero você perdia sua humanidade. - Você é capaz! Enquanto tudo isso acontecia não vi você chorar uma lágrima sequer. - Ninguém gosta de sentir-se só. Você gosta? O lago, a água, tudo era tão maior que você. – Não se martirize, apenas dê o máximo de si. Sem dor, não há ganho. Ninguém te pediu para parar, pediu? - No final sempre dá tudo certo, você vai ver! Pensou que seria o fim, que encontraria a paz? - Quando estiver de saída, não se esqueça de trancar a porta e apagar a luz.
quinta-feira, outubro 25, 2007
Espelho-Espelho
Mirror Mirror on the wall
True hope lies beyond the coast
You're a damned kind can't you see
That the winds will change
Mirror Mirror on the wall
True hope lies beyond the coast
You're a damned kind can't you see
That tomorrow bears insanity
Mirror Mirror – Blind Guardian
Já se olhara no espelho e sentiu saudade antiga. Agora pensava no futuro. Um avermelhado no canto do olho direito que ardia feito desodorante barato cheio de álcool que, por acidente, se espirra no recém corte do fazer a barba. Sobrancelha mal desenhada, olhos desbotados e não era o espelho enferrujado que tomava todo o sol da tarde de todos os dias menos os de nuvem. Face amarelada que não era por causa da iluminação incandescente dos filamentos que são, geralmente, feitos de tungstênio, metal que só derrete quando submetido a temperatura altíssima, e que já dissera tantas vezes preciso trocar essas malditas lâmpadas por aquelas brancas para ver se diminuo a conta de luz que tá vindo altissíssima. Ao olhar para baixo já ficara triste por não conseguir enxergar o dedão do pé esquerdo – sim, o único que lhe restara, o outro havia perdido num acidente de trem a caminho de Santa Helena quando ia visitar a tia Lúcia que tinha sofrido um infarto do miocárdio de entupimento de uma veia do coração e a suspensão do Bextra da Pifzer num tava dando jeito e ficara assim, toda derramada. Uma história longa e trágica que só contava enquanto bebia gim com soda com amigos ou com estranhos não importava. Não parava de repetir uma frase, “A Vida é Dura”, que ouvira na televisão, e não lhe saía da cabeça um pensamento que parecia repetir-se como o barulho de um martelo a bater in-sis-ten-te-men-te: era preciso se reinventar. Era preciso tomar o controle do tempo de volta. Mas nada disso lhe parecia preciso; muito pelo contrário, tudo era muito incerto, a começar pelo sinal que estava lá, nos cantos dos olhos e não dava para estar seguro se eram rugas ou um pedacinho do aço do espelho que havia se desgarrado.
[Ouvindo: "Choro chorado pra Paulinho Nogueira" - Toquinho e Vinícius]
segunda-feira, outubro 08, 2007
A Voz e o Violão da Estrela
era uma estrela. caminhava lentamente. areia quente, pés no chão. sentia a brisa que vem e que vai. que leva e que traz o cheiro salgado do mar e a canção das ondas. era manhã de sol e a estrela contemplava a metrópolis. tinha o dia inteiro, o que é muito pouco tempo para quem quer conhecer o mar. era uma estrela, e, como qualquer outra estrela, quando caminhava, sorria. calma e constante ela andava, de um jeito que nem você nem eu, que andamos arrastando o chinelo, jamais conseguiremos ser. era só uma estrela só. já disse que a metáfora tem hora? era só uma estrela luzente e sorridente como qualquer outra. tudo que passar disso é imaginação sua.
a estrela, que também brilhava muito, ficava com as pupilas tão pequeninhas por causa do sol. de vez em quando olhava para o céu que estava tão lindo como os céus de abril. usava óculos escuro e protetor solar para não se queimar. ao entrar na água, o fazia lentamente, um pé após o outro, sem pressa nenhuma. diferente de você e eu que andamos apressados e correndo. não era por medo, já que estrela não se afoga nem toma caixote e ela sabia disso. era só precaução mesmo: coisa de etiqueta.
passou num quiosque e pegou uma cerveja, é claro, uns camarões fritos, uma água tônica Schweppes com gelo e limão e um violão emprestado. sentou-se à sombra de um coqueiro e cantava uma canção que ouvira ao passar pela praia enquanto escrevia poesia. de quem era aquela letra mesmo? era Toquinho? seria Vinícius? "sei lá sei lá / a vida é uma grande ilusão / sei lá sei lá / só sei que ela está com a razão".
espetou um camarãzinho, o saboreou de olhos semi-cerrados, deu um gole na cerveja, rabiscou mais um verso, e, ainda sem saber de quem era a autoria, continuou a canção: "sei lá sei lá / só sei que é preciso paixão / sei lá sei lá / a vida tem sempre razão". tinha violão afinado e linda voz.
você e eu sentamos por perto, mas não muito para não interromper a performance da estrela. poderia ficar lá horas a fio só para ouvir sua linda voz e seu violão afinado. só voltaria para casa à noitinha, quando os mosquitos começassem a picar ou até o momento em que a estrela quisesse voltar para o céu. a estrela porém, não iria embora tão cedo, porque precavida que era, ao contrário de você e de mim que sempre esquecemos de tudo, levara seu repelente.
terça-feira, junho 05, 2007
Novos Horizontes
Sempre me pedem atenção. Atenção no semáforo. Se estiver vermelho, não ultrapasse; amarelo: muito cuidado. Verde: quase nunca pego o sinal aberto. Atenção ao subir escadas. Ao entrar no elevador certifique-se de que o mesmo se encontra neste andar. Seguir em frente. Vejo flores e jardins enfeitados de pedras brancas e cactos. Crianças brincando de dança de quadrilha. Corpos em movimento. O universo em expansão. E aquele sentimento que era passageiro não acaba mais. E versos roubados de Humberto Gessinger. Um dia desses, num desses encontros casuais, talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação. Atenção ao voar mais alto, a asa colada com cera derrete se aproximar-se do sol. E atenção ao caminhar. Olhar para direita e para esquerda quando atravessar a rua. Olhar para cima: talvez um pedaço do céu caia sobre a minha cabeça; daí eu saio correndo para os teus braços.
domingo, abril 22, 2007
Estações
Folhas caem e o calor vai se despedindo, mas muito lentamente. A paisagem vai se tornando marrom amarelada cor-de-mate. Depois vem o inverno e um não-sei-o-quê que me deixa meio triste; mas é frio e a gente se abraça. Na primavera virão cores: a beira-do-rio ficará toda em flores amarelas-ipê e o jardim de Benedito tem um lindo ipê-azul-meio-lilás. E eu aguardo o verão chegar: praia, mar, carnaval, calor, pessoas, aguardando o carnaval chegar. Depois recomeça todo o ciclo novamente: na mais modesta chatice.
domingo, março 25, 2007
THINK ABOUT THE FUTURE
The bright sun was extinguish'd, and the stars
Did wander darkling in the eternal space,
Rayless, and pathless, and the icy earth
Swung blind and blackening in the moonless air;
Morn came and went -and came, and brought no day...
G. G. Byron
De vez em quando sonho com o futuro. Disseram-me que poderiam ser visões. Não dá para ter certeza, com o aumento de temperatura ocasionado pelo desequilíbrio climático que se tornou mais intenso desde o ano de 2531, coisas estranhas têm acontecido por aqui. The Rider – agora Antônio cismou que quer ter codinome – veio me dizer, na sexta-feira passada, que não é bom que se fale muito a respeito, pois os casos de esquizofrenia tem aumentado consideravelmente. A minha opinião é que ele passa muito tempo na câmara de testes nucleares e isso afetou seu senso de relatividade. Ainda temos algumas fontes de informação mais ou menos seguras, embora os bancos de Memória tenham sido afetados por um vírus chamado Vênus, e as fontes primárias, após digitalizadas e armazenadas em Sistemas de Gerenciamento de Informação, foram destruídas para sobrar mais espaço. Espaço para quê?, nos perguntamos hoje. A resposta é mais simples do que possa parecer: para ter onde enterrar os mortos – não, ainda não descobrimos a fonte da vida eterna e também não adotamos o costume dos indianos de queimar mortos e espalhar as cinzas por aí. No mais, Metropolis aguarda a Resolução NK 8.315, que visa amenizar a situação das cidades, entretanto, o Projeto, a princípio, só atenderá as cidades de três ou mais camadas. Há rumores de que a Resolução será liberada em agosto.